Tão importante quanto a paramentação é o descarte consciente das vestimentas descartáveis. Saiba por que e como preservar seu ambiente de saúde
As vestimentas descartáveis são uma importante barreira contra os
microrganismos nos ambientes de saúde, mas o seu descarte consciente é
praticamente tão
importante quanto a paramentação.
De acordo com um documento elaborado pela Centers for Disease Control and Prevention (CDC EUA,
2020), que apresenta orientações sobre a Colocação e Retirada de EPIs (Equipamentos de Proteção
Individual), a desparamentação é a etapa que oferece maior risco de contaminação ao
profissional.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso inadequado ou mesmo
excessivo dos EPIs gera um impacto extra tanto na escassez de suprimentos quanto no risco de
contaminação do profissional - principalmente no momento da desparamentação.
Portanto, é fundamental que haja um processo específico e claro para o descarte
consciente das
vestimentas descartáveis, sem gerar riscos para profissionais e pacientes nem para o meio
ambiente.
A Importância do Descarte Consciente na Área Médica
O descarte consciente das vestimentas descartáveis nos ambientes de saúde, um
processo conhecido
como desparamentação, desempenha um papel fundamental na preservação do meio ambiente e na
promoção da saúde pública.
Esses materiais, frequentemente utilizados em ambientes médicos e laboratoriais, podem conter
substâncias potencialmente nocivas e patógenos responsáveis por contaminações cruzadas e
infecções
hospitalares.
A desparamentação adequada assegura a contenção e eliminação segura desses resíduos, minimizando
o risco de contaminação ambiental e protegendo trabalhadores da saúde, gestores de resíduos e a
comunidade em geral.
Além disso, a conscientização sobre a importância do descarte responsável desses itens contribui
para a construção de uma cultura sustentável, destacando a responsabilidade coletiva na gestão
adequada dos resíduos de saúde.
Ao adotar práticas de desparamentação ambientalmente amigáveis, promovemos a segurança, a saúde
e a preservação do nosso ecossistema para as gerações futuras.
Diretrizes para Paramentação e Desparamentação
A desparamentação eficiente é fundamental para minimizar o risco de contaminação ao manipular
vestimentas descartáveis nos ambientes de saúde. Por isso, a sequência adequada para o descarte
das vestimentas deve seguir um processo cuidadoso e bem definido.
Inicialmente, o profissional de saúde deve realizar a remoção das luvas de maneira cuidadosa,
evitando qualquer contato direto com a pele contaminada. Em seguida, deve ser feita a retirada
da vestimenta externa (avental ou capote), com movimentos lentos e controlados, garantindo que a
parte externa do equipamento não entre em contato com a pele ou uniforme interno.
Na próxima etapa devem ser retirados os óculos de proteção e/ou protetor facial, sempre
manuseando pelas áreas específicas designadas pelo fabricante, sem tocar as superfícies
contaminadas.
Finalmente, a retirada da máscara e a higienização adequada das mãos completam o processo.
Essa sequência meticulosa garante a segurança do profissional de saúde, prevenindo a propagação
de patógenos, e contribui para a integridade do ambiente circundante, promovendo práticas de
desparamentação responsáveis e eficazes.
Diretrizes para um Descarte Eficiente na Rotina Hospitalar
Para evitar qualquer tipo de contaminação, após a desparamentação, os
materiais utilizados - como aventais, luvas, máscaras e outros equipamentos - devem ser
depositados em recipientes específicos designados para resíduos de saúde.
Esses receptáculos ou pacotes devem ser adequadamente identificados, selados e descartados em
áreas destinadas a resíduos biológicos ou contaminados, seguindo as regulamentações locais e
normas de segurança.
Em ambientes hospitalares, é essencial estabelecer protocolos claros para a segregação, coleta e
descarte desses resíduos, muitas vezes conduzidos por empresas especializadas em gerenciamento
de resíduos de saúde.
A correta destinação dos resíduos de paramentação descartável pode incluir a incineração em
instalações apropriadas, onde altas temperaturas são empregadas para eliminar microorganismos
patogênicos.
Alternativamente, alguns materiais podem ser encaminhados para processos de esterilização antes
de seu descarte final, garantindo uma abordagem ainda mais abrangente para evitar a contaminação
ambiental.
Quais as normas que regulam a desparamentação
Através da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 306/2004 da
Anvisa são estabelecidas as regras para o manejo, acondicionamento e descarte de resíduos de
serviços de saúde, abrangendo todo o ciclo, desde a geração até a destinação final com descarte
consciente das vestimentas descartáveis.
Porém além das diretrizes da Anvisa, o Brasil conta com outras regulamentações relacionadas à
gestão de resíduos de saúde, como a Resolução Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº
358/2005, que estabelece critérios para o descarte ambientalmente adequado de resíduos sólidos,
incluindo os provenientes de serviços de saúde
Opções Sustentáveis e Reciclagem em Vestimentas Descartáveis
Para realizar o descarte adequado das vestimentas descartáveis é preciso considerar o risco
agregado que cada uma, já que, além de terem diferentes funções, também são expostos a
diferentes riscos.
Assim, é preciso considerar o tipo de EPI, o material de que é feito e qual a contaminação a que
esteve exposto na hora do descarte, categorizando-o como Classe 1, 2 ou 3.
A Classe 1
São os resíduos perigosos, aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Devido às suas características de corrosividade, toxidade, patogenicidade e inflamabilidade, precisam de tratamento especial.
A Classe 2
São os resíduos não-inertes, aqueles que não apresentam periculosidade, mas também não são inertes. Têm características do lixo doméstico e podem apresentar combustibilidade, solubilidade na água ou biodegradabilidade
A Classe 3
São os resíduos inertes que não possuem nenhum de seus constituintes
solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água ao serem
submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT). Eles não se decompõem ou degradam
no solo.
Assim, depois de classificar as vestimentas descartáveis, devem ser devidamente separadas e
identificadas para seu encaminhamento a uma empresa credenciada pelos órgãos ambientais para que
o descarte seja efetuado em consonância com as exigências ambientais: incineração, aterro ou
segregação.
Boas Práticas de Descarte Consciente e Conclusão
A adoção de boas práticas de descarte consciente deve ser uma das prioridades do ambiente
hospitalar. A desparamentação e o descarte inadequado de vestimentas descartáveis podem
acarretar riscos significativos para o meio ambiente, profissionais de saúde, pacientes e
visitantes.
A contaminação ambiental resultante do descarte inadequado desses materiais pode introduzir
agentes patogênicos e substâncias químicas nocivas nos ecossistemas circundantes, impactando a
qualidade da água, do solo e colocando em risco a biodiversidade local.
Além disso, profissionais de saúde enfrentam potenciais riscos durante a desparamentação, já que
a manipulação incorreta dos equipamentos pode levar à exposição direta a patógenos presentes nos
materiais descartados.
Pacientes e visitantes também correm riscos, especialmente se houver contato com áreas ou
objetos contaminados, contribuindo para a disseminação de doenças.
A implementação rigorosa de boas práticas de desparamentação e o descarte
consciente desses
resíduos nos ambientes hospitalares são imperativos para mitigar esses riscos e proteger tanto a
saúde humana quanto a do meio ambiente.
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